Autor: Thalita Fagundes Leal (Currículo Lattes)
Resumo
O padrão de consumo da população mundial apoia-se fundamentalmente nos derivados de petróleo. Embora contribuam para melhoria da qualidade de vida, possuem aspectos negativos principalmente no âmbito ambiental. O número de vazamentos de óleo no ambiente marinho e costeiro aumentou significativamente nos últimos anos. Considerando a complexidade do ambiente marinho e costeiro, o presente trabalho tem como objetivo aplicar um sistema de modelagem numérica e avaliar a dispersão de óleo na região estuarina da Lagoa dos Patos-RS, de forma a produzir resultados que possam posteriormente auxiliar na criação de um plano de contenção à contaminação, caso ocorra um acidente de vazamento de óleo. Uma estrutura de dados de circulação atmosférica e oceânica, durante o período de 2010 a 2013, foi organizada e inserida no acoplamento entre o modelo hidrodinâmico Telemac-3D e o modelo de óleo ECOS, contabilizando um total de 22 simulações de óleo. Estas simulações foram utilizadas para identificar as principais forçantes que controlam a dispersão e o deslocamento final das partículas de óleo. O deslocamento das partículas de óleo ocorre devido à combinação da intensidade de ventos, correntes e da descarga dos afluentes da Lagoa dos Patos. Durante o verão e a primavera, os ventos de nordeste têm maior frequência e a descarga dos afluentes é baixa. No outono e o inverno, os ventos possuem maior variabilidade em todas as direções, que são combinadas com as maiores descargas dos afluentes. De acordo com os resultados da simulações nos períodos de verão e primavera existem a probabilidade de que 30% das partículas de óleo chegaram ao Saco da Mangueira (R3). Ainda neste período, 23,3% chegaram à região do Super Porto (R4) e 10% à Ilha de Terrapleno (R1) e Barra Nova (R5). Nos períodos de outono e inverno existem a probabilidade de que 47,2% das partículas de óleo chegaram ao Saco da Mangueira (R3). Ainda neste período 14,7% das partículas de óleo chegaram à região do Super Porto (R4). As regiões afetadas pelas maiores concentrações de óleo são: o interior do Saco da Mangueira (R3), Marismas (R9), e as praias de São José do Norte (R10). A contaminação nestas regiões são graves, pois apresentam concentrações significativas de óleo vazado e possuem o maior índice de sensibilidade do litoral (ISL 10). A porcentagem média de emulsificação é de 70% e a evaporação é de 0,28%. O acoplamento destes modelos mostraram-se eficientes produzindo resultados que podem posteriormente ser utilizados em estudos de impacto ambiental ou na geração de planos de contingência na região do estuário da Lagoa dos Patos.