Dissertação - Estimativa do transporte longitudinal de sedimentos a partir da modelagem de ondas para a costa brasileira - Thaisa Beloti Trombetta

Autor: Thaisa Beloti Trombetta (Currículo Lattes)

Resumo

A ocorrência de mudanças morfológicas nos ambientes costeiros é decorrente da interação dos processos terrestres, oceânicos e atmosféricos. A mobilidade dos sedimentos, transportada pelos efeitos constantes das ondas, correntes litorâneas, marés e ventos, resulta em processos de acreção e/ou erosão praial. A falta de planejamento e gestão com relação ao transporte de sedimentos ao longo da costa, seja por causas naturais ou antropogênicas, pode alterar a curto ou longo prazo o equilíbrio existente em regiões costeiras, ocasionando ou acelerando processos erosivos e resultando em prejuízos econômicos e ambientais. Inserido neste contexto, o presente trabalho tem como finalidade identificar as médias anuais do transporte de sedimentos ao longo de toda a costa brasileira, a direção dominante da deriva litorânea e a sua variabilidade espaço-temporal. Para isso, foi considerada a modelagem de ondas geradas por vento, utilizando o modelo Tomawac (pertencente ao consórcio open Telemac-Mascaret), para um período de 37 anos (1979 a 2015), além de quatro metodologias para o cálculo do transporte sedimentar. Para a análise de variabilidade espaço-temporal foi aplicada a análise de ondaletas, relacionando o efeito dos ciclos de curto e longo período sobre o comportamento do transporte longitudinal de sedimentos. Os resultados mostraram que três metodologias aplicadas nos cálculos se mostraram satisfatórias, e apenas uma superestimou os resultados, sendo considerada inadequada em todos os trechos. As maiores taxas calculadas para o transporte longitudinal de sedimentos ocorreram na Região Nordeste, destacando-se o trecho entre Pina (Pernambuco) e Piaçabuçu (Alagoas), com médias de até 844 320 m3.ano1. Além disso, destaca-se os pontos em Maraú e Ilhéus, ambos na Bahia, com médias de aproximadamente 650 000 m3.ano1. Por outro lado, as menores médias ocorreram em Meia Praia (Santa Catarina), com 13 497 m3.ano1, seguida por Mucurí (Bahia), com 22 577 m3.ano1, e Ilha Comprida (São Paulo), com 24 067 m3.ano1. Em relação ao efeito dos ciclos de variabilidade no transporte sedimentar, foi observado que na Região Nordeste, os ciclos anuais e interanuais resultaram mais frequentes e energéticos que na Região Sul, onde os ciclos de período curto apresentaram importância similar aos ciclos mais longos, durante os 37 anos do estudo. Entretanto, no contexto global da análise, os ciclos de longo período são mais significativos para o transporte longitudinal de sedimentos, por se tratar de um processo que ocorre a longo prazo. Desta forma, o presente estudo contribui com informações sobre o transporte longitudinal de sedimentos, destacando-se as médias anuais e a deriva dominante. Além disso, questões importantes relacionadas à influência dos ciclos de variabilidade na região de estudo são discutidas, ressaltando a importância dos eventos de mais longo período para o controle do transporte sedimentar no litoral brasileiro. Ademais, tais informações podem ser consideradas em projetos futuros, que envolvem a gestão e o manejo sustentável das zonas costeiras, possibilitando uma identificação preliminar do movimento dos sedimentos ao longo de toda a costa brasileira.

TEXTO COMPLETO DA DISSERTAÇÃO

Palavras-chave: Modelagem numéricaTOMAWACCERCKamphuisTransporte de sedimentos